sábado, 28 de agosto de 2010

    
A casa, o habitat, é, também, pele e, como tal, representa a organização e a intensa realidade psíquica nos limites traçados entre o público e o privado, o trânsito e a pausa, a divisão e a aproximação, a solidão e o convívio.
Acontece que, na vida da casa, do corpo, da cidade, esses limites são sempre alterados, nem sempre da maneira mais conveniente para os seus habitantes - habitados, eles próprios, pelas memórias e marcas pelas quais seus espaços internos foram ocupados.
Essas ocupações, sempre novas, demoram a se ajeitarem, se assentarem, levam um tempo para terem um nome. São, por princípio, não-lugares.
É o movimento dessas ocupações e desocupações - sempre novas - do lar, do coração, do corpo, da cidade - o grande tema de interesse e objeto de pesquisa desse grupo.
Traduzir e revelar esse movimento na dança é uma forma de refletir sobre as possibilidades de interferir no espaço problemático da cidade como forma de decidir e atuar de acordo com uma nova política e uma nova poética do corpo.

Algumas questões:
· Como construir alguma base a um só tempo flexível e vigorosa, para dar sustentação e “origem” sem cercear?
· Como fazer da companhia, na cidade, um vínculo libertador?
· Coreografia: o braço que suspende o corpo é apenas um obstáculo para o braço que pretende avançar?
· Como abrigar a memória e estar presente?
· Como encontrar o novo, como permitir-se ser vulnerável na cidade?
· Não lugares percebidos por mim durante a apresentação: a progressão vertical, a boca, os desajustes, o caos.

(texto de Rodrigo Vilalba, produzido durante a passagem do ensaio de 27-08-2010)
          

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