Achei o Work in Progress de hoje extremamente interessante por um motivo: a capacidade que Claudia Palma tem de agregar pessoas. Essa talvez seja sua maior poética.
Poética aqui assume o lugar de constituinte do fazer artístico. E o que constitui o fazer artístico de Cláudia é agregar. Afinal, foi o que ela fez conosco. Mais do que nos abrigar, ela nos agregou. E vale o velho clichê: “todos tão diferentes, com histórias e formas de pensar arte diferentes enfim...”.
Hoje tivemos com ajuda do Pedro, que não é São Pedro, mais uma prova da capacidade que Cláudia tem de agregar. Eu nunca imaginei que fosse conhecer as amigas dela da época de faculdade.
Quem são aquelas mulheres? Todas aparentemente de classe média alta, bem vestidas, perfumadas, algumas com marido ao lado. E todas no propósito de ver Cláudia e colaborar com ela, ou agregar-se a ela para curtir um pouco de sua arte. Todas dispostas, em pleno sábado à noite, a pensar sobre a vida na cidade grande.
Que maravilha o senhor Michel, esposo de alguma delas, ter podido falar sobre suas leituras do exercício cênico. Mesmo que ele tenha experiência com o fazer teatral, sua opinião me parecia pura.
Bom, nós que somos da dança contemporânea nos deparamos com um momento primitivo de organizar-se e viver. Reunimos-nos em um determinado espaço para conversarmos. A conversa tem uma direção, um foco, mas é uma conversa em torno da vida.
Relembrando as palavras do nosso amigo filósofo poeta piegas estamos proporcionando um não lugar para proporcionar um lugar mágico. Lugares mágicos têm a ver com uma era primitiva, tribal? E nós somos contemporâneos ou “jamais fomos modernos”?
Relembro também a cena que marcou minha vida: Em “Lei de Nada” da Cia 2 do Balé da Cidade, Cláudia Palma oferecia café e outras coisas ao público sem outra pretensão além daquela mesma: oferecer café.
Eu estava finalizando a escola de teatro e minhas cenas de conclusão de curso tomaram outro rumo por causa daquela experiência. Era tão diluída a relação artista espectador que eu precisei modificar as minhas proposições cênicas, como faço até hoje. Quem me vê na faculdade sabe, quem acompanha meu trabalho no vocacional também sabe.
Gosto de diluir a relação palco platéia. Estou influenciado e não nego! O que aconteceu hoje? Tem mais importância nós que dançamos ou eles que puderam se colocar, falar, opinar?
Arrasou!
Beijos
(Renato Vasconcellos, a respeito do 2º Work in Progress)
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