sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A última do ano: "Lugar algum" no CEU Quinta do Sol!

Próximo domingo, 19 de dezembro, às 17h. Entrada Franca.

WORKSHOP: no mesmo dia e local, das 11h às 13h. É só chegar!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Workshop com Claudia Palma e bailarinos da iN SAiO

- de 13 a 16 de dezembro (segunda a quinta), das 11 às 13h;
- inscrição: enviar, até dia 10 de dezembro, currículo resumido e carta de interesse para insaio_ciadearte@hotmail.com;
- 25 vagas;
- gratuito;
- local: Núcleo Artístico Pedro Costa (Rua Almirante Marques Leão, 353 - Bela Vista)

Compareçam!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

"Lugar algum" no CEU Aricanduva.
Espetáculo e bate-papo, com direito à platéia vivenciando situações antes da apresentação e experimentando trechos de movimentações depois de assistir...
Agradecemos ao Projeto Vocacional Apresenta, ao CEU Aricanduva e à artista-orientadora, mediadora desse encontro, Roberta Ninin!

  
  


fotos_Alex Soares

terça-feira, 30 de novembro de 2010

terça-feira, 23 de novembro de 2010

 
Participação da iN SAiO no programa Todo seu, da TV Gazeta, que foi ao ar na última segunda-feira, dia 22 de novembro:



segunda-feira, 22 de novembro de 2010

 
LUGAR ALGUM estreou no último final de semana, no Teatro João Caetano!

Ficamos bastante contentes com a primeira temporada do trabalho, quando pudemos compartilhar o resultado desses mais de quatro meses de pesquisa, criação, ensaios abertos...

Agradecemos a todo o público presente nesses dias, e seguimos agora para a circulação do trabalho. Acompanhem as próximas datas na agenda do blog e apareçam!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010


quinta-feira, 18/11, 11h30:

entrevista de divulgação no CANAL TV ABERTA SÃO PAULO
(NET: 9 / TVA: 72 ou 99 / TVA Digital: 186)




      
Assistam hoje à divulgação de LUGAR ALGUM no programa "Todo seu", da TV Gazeta, às 22h15!!

correção: a gravação que fizemos hoje irá ao ar na próxima segunda-feira, dia 22/nov, às 22h15.

 

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Um pouco da estréia de LUGAR ALGUM na rede! Clique nos links abaixo:


Canal Aberto     -     Prefeitura de SP / Teatro João Caetano     -     Veja SP     -

                Operaa.com     -     NossaDica     -     Catraca Livre     -     Uia Diário     -

    Formas e Meios     -     Kulone.com     -     Guia de Teatro

domingo, 7 de novembro de 2010

Impressões poéticas, reflexivas... da artista-vocacionada Sabrina Alves, em texto produzido enquanto assistia ao 6º work in progress.


30-outubro-2010

FUI PROVOCADA, SEM QUE FOSSE MINHA INTENÇÃO, FIZ UMA GRANDE CHUVA DE PALAVRAS... minhas melhores gotas d'água!

Construção refletida!....

É como se as pessoas estivessem sempre atrás de segurança mas essa segurança não existisse, e quando sentia-se essa "segurança" ela se ia, pois esse é o nome que se dá a uma certa coragem.
Cada um dançando, é como uma descoberta, um olhar individual. Enquanto um foge, o outro disfarça, e alguns têm que encarar as situações.
Mas todos estão descobrindo algo, cada um com sua música, com o seu tempo, e tudo isso modificando-se com ou sem o apoio, com mais ou menos dificuldades...
Chega-se sim! Mas não com uma caminhada solitária, o fim pode ser só, mas há antes de tudo a estrada repleta de pessoas, e pegadinhas... (em todos os sentidos).
Acompanhados ainda assim estamos sós, não todas as vezes que descobrimos algo juntos.
Às vezes... a loucura vem nos ensinar algo, quando estamos sós, e acabamos enlouquecendo, cansando a loucura ou a loucura nos cansando?!
Pedras no caminho não são postas para que a vida não continue, mas para que saibamos cuidar delas, movê-las ou algum tempo lidar com elas, crescer a cada queda com o apoio delas, sim!!! das pedras...
Todos passam por elas, por todas aquelas pedras, e medo de cair, mas no fim há construção de algo a partir daí.
Pedras correm e caem com a gente, mas pedra não sente, nos faz sentir.

algumas sensações:
*quebra cabeça, tudo programado, tudo tem seu lado

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

DIÁLOGOS...

Impressões (mais do que sensíveis...) de Adriana Ferreira, artista-vocacionada (participante do Projeto Dança Vocacional) a partir do work in progress realizado na Galeria Olido:

Olá Cris, tudo bem?
Desculpe a demora, é que estive fora do ar nesse feriado... rsrs
Bem, pra começar, quero dizer que tô louca pra ver o espetáculo pronto. Tá muito louco!! =P
Foi muito bacana ver o último work in progress, tem bastante coisa diferente...
Quanto as que permaneceram, eu "vi" muita coisa que eu não tinha visto antes... tipo sentidos. Por exemplo a cena do Renato. (aeee acertei! rsrsrs) Sei lá eu senti uma certa angústia, ou um desespero, de quem tá sempre querendo consertar os erros. Tipo, consertar o passado, errar, consertar de novo e assim por diante.
A cena do Fernando é total psicológica pra mim. Ele tá parado de pé, daí começa todo aquele contorcionismo e volta ao lugar do início. É como se o tempo todo ele tivesse permanecido ali parado, e aquele desenrolar todo é apenas um flash da mente dele, do estado emocional. O caos interior. Na minha opinião ele é meio perturbado na cena. hahahaha
A cena da loirinha (pronto, comecei!) é um pouco parecida, mas é algo físico. Pssando por várias posições, tentando achar alguma estável, mas se enrolando cada vez mais e isso acaba trazendo frustrações. Talvez sejam os nossos projetos e tentativas que sempre falham.
Aquela parte em que você sobe no (Dourado?), enfim! rsrsrs Você me passa uma pessoa completamente instável, desestabilizada e que ainda por cima depende e procura no outro uma segurança, sem conseguir por muito tempo... profundo! rsrsrs
No final eu viajei! Aff...
Aquele paredão formado pelo grupo e continuado pelas pedras... cara, é como se fosse uma transição, tipo, como se as pedras fossem uma representação do ser humano, ou vice-versa sendo o ser humano a própria pedra, frio, vazio, duro... Uau!
Aliás eu senti um pouco de frieza no clima. Por exemplo quase no final, quando todos dançam. Cada um tá ali no seu mundinho e quando alguém se encontra com outro, ambos se repelem. É uma estranheza, ou uma intolerância... Sei lá! É tipo "não se mete na minha vida" ou "cuida do seu, que eu cuido do meu". kkkkkkkkk É engraçado, por que nas cenas vemos aquela dependência do outro, mas sem permitir a entrada do outro na vida, mantendo distância. É muita viagem! rsrsrs
Eu achei super interessante a troca dos objetos pelas pedras, poque ficou mais abstrato. E passou uma noção de temporariedade dos sentimentos (se é que isso existe... kkk). Por exemplo, nos distraímos com tal coisa durante um tempo, enquanto aquela coisa nos oferece algum prazer. Mas tem um momento em que nos cansamos dela e procuramos outra melhor. E vivemos numa procura incansável e insaciável por acabar com o tédio, deixando pra trás certas coisas, conquistando outras, e chega um momento em que não tem mais espaço na vida ou na mente... Vai ficando tudo saturado, sem efeito.
Agora, mudando um pouco de assunto, você deve sofrer balançando a cabeça daquele jeito na cena da Taís, né? hahahahaha (fala que eu acertei o nome dela...! =P)
Bem Cris, aí estão minhas viagens. Acho que filosofei demais, a mente á dando tilt! hahahaha
Espero que tenha colaborado.
Beijos

...................

...e a resposta enviada a ela pelo Renato Vasconcellos, da iN SAiO:

Adriana suas contribuições são muito boas. Incrível!
Algo que está tão nossa cara e que não vemos ou entendemos com tanta lucidez.
Estou falando da cena dos embates que fez você refletir sobre a dependência e a intolerância.
Na mesma medida que dependemos do outro não toleramos sua aproximação. É sempre cada um na sua e sempre um precisando do outro.
Marilena Chauí no "Convite a filosofia" diz que o artista revela o despercebido que estava presente.
Nesse sentido, darling, você é muito artista.
beijos
Renato

  

domingo, 31 de outubro de 2010

Ontem, dia 30, aconteceu na sala Azul na Galeria Olido o 6º e último work in progress antes da estréia do espetáculo Lugar algum.
Foi mais um momento importante de compartilhamento de imagens e impressões: encerramos a etapa dos ensaios abertos e nos encaminhamos, agora, para a estréia.
Obrigada aos amigos, parceiros, colaboradores que estão nos acompanhando nessa criação!!

foto_Luiz Ferreira

quinta-feira, 28 de outubro de 2010



6º Work in Progress
último ensaio aberto antes da estréia do espetáculo
LUGAR ALGUM
projeto "O olhar de dentro"

sábado, 30 de outubro, 17h
ENTRADA FRANCA

local: Galeria Olido - Sala Azul
Avenida São João, 473 - Centro - São Paulo/SP - tel.: 3331-8399 / 3397-0171

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O espetáculo criado a partir do projeto "O Olhar de Dentro" tem, agora, título definitivo: LUGAR ALGUM. E está a menos de um mês da estréia... Esperamos todos lá, vejam as informações na agenda do blog!



sábado, 16 de outubro de 2010

Reverberações....
Palavras de Ana Terra, enviadas à iN SAiO depois do Work In Progress de 29 de setembro, na Anhembi Morumbi.
Obrigada!!


"Fiquei feliz ao observar seu trabalho como criadora e coreógrafa, diferenciado de sua trajetória de dançarina. Ou seja, um ir além, para outro lugar.
Percebi claramente que existiu uma pesquisa estético-poética. As referências do seu projeto estão presente na investigação corporal, dos movimentos, assim como, nos desenhos coreográficos e nos inúmeros jogos que se estabelecem entre os dançarinos.
Simplicidade, clareza em revelar conceitos fundamentais que estruturam a sintaxe da dança - ações, linhas, planos, fluxos, ritmos, esforços (enfim) - estão lá se entrelaçando dramaturgicamente, gerando sentidos e acesso ao público que consegue possibilidades de entradas no trabalho. E, isso não significa de forma alguma que o trabalho seja didático ou pretenda representar o que fez parte do campo e das referências da pesquisa. O trabalho apresenta-se ao público e o envolve em reflexões sobre o viver na contemporaneidade.
No mais, o grupo está muito íntegro, "uníssono" no sentido da escuta corporal e da presença cênica. Observei que eles estão envolvidos o que revela que estão participantes no processo de criação.
Deixo ainda uma sugestão: nesse período de finalização muito cuidado para que a entrada do figurino, da trilha, de elementos cenográficos ocorra em sintonia - sem sobrepor-se - ao trabalho de movimento."
(Ana Terra)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

   
Compartilhando...

Segue o link para o blog da Anacã Corpo e Movimento, a respeito do work in progress realizado lá:

http://www.estudioanaca.com.br/blog/

Acessem!!
   

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

      
Viver na cidade é um exercício de vontade trágica.
As contingências, demandas e possibilidades da vida citadina exercem quase todo tipo de influência sobre o corpo, levando-o às raias do esgotamento, tirando a sua potência de uma condição natural e instalando um novo ritmo, uma nova carne, que resiste ou sucumbe a novas forças.
A vontade trágica é a vontade que não reconhece o direito da limitação, ou ainda, não responde à força da limitação.
Na cidade, essa força tem muitos nomes e muitos rostos.
Para (re)encontrar a sua força e o seu movimento, o corpo deve dançar com a cidade pois
*ignorá-la é impossível
e
*aceitar totalmente seus comandos é suicídio.

Há uma beleza na resistência trágica do corpo.

A dança é a resposta trágica e dialética do corpo à força da cidade.

(Rodrigo Vilalba, 07/out/10, após apresentação e conversa no 5º Work in Progress)


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Na última quinta-feira realizamos mais um work in progress, dessa vez na
ANACÃ Corpo e Movimento.
Nossos agradecimentos a todo o público presente, por todos os retornos e contribuições!



sábado, 2 de outubro de 2010



5º Work in Progress . projeto "O Olhar de dentro"

quinta-feira, 07 de outubro, 21h

ANACÃ - Corpo e Movimento
Avenida Brasil, 649 - Jardim Paulista - São Paulo/SP - tel.: 3052-0763
www.estudioanaca.com.br

ENTRADA FRANCA

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Realização do 4º Work in Progress, para turmas de alunos do curso de Dança da Universidade Anhembi Morumbi.

Agradecemos muito a todos os presentes, e aos olhares "cinesiológicos", sensíveis e perceptivos apontados nesse encontro!





fotos_Natália Franciscone
arte_Felipe Teixeira

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

3º Work in Progress, 19-09-10
(para ver mais imagens, clique acima na página "Fotografias")

foto_Luiz Ferreira


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

   
Hoje, em Diadema, realizamos o 3º Work in Progress - extremamente prazeroso e produtivo.

Agradecemos imensamente à toda equipe do Centro Cultural Diadema e ao público presente, que compartilhou e contribuiu com mais um momento deste processo!


sexta-feira, 10 de setembro de 2010


O 3º Work in Progress acontecerá em Diadema:
dia 19 de setembro, domingo, às 19h

Centro Cultural Diadema / Teatro Clara Nunes
Rua Graciosa, 300 - Centro - Diadema/SP (ao lado da Praça da Moça)
tel.: 4056-3366

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

2º Work in Progress - "O Olhar de Dentro"...  


...no "Espaço Aberto" do Núcleo Artístico Pedro Costa, 28-08-10.
             

domingo, 29 de agosto de 2010

Encontro com amigos

  
Achei o Work in Progress de hoje extremamente interessante por um motivo: a capacidade que Claudia Palma tem de agregar pessoas. Essa talvez seja sua maior poética.

Poética aqui assume o lugar de constituinte do fazer artístico. E o que constitui o fazer artístico de Cláudia é agregar. Afinal, foi o que ela fez conosco. Mais do que nos abrigar, ela nos agregou. E vale o velho clichê: “todos tão diferentes, com histórias e formas de pensar arte diferentes enfim...”.

Hoje tivemos com ajuda do Pedro, que não é São Pedro, mais uma prova da capacidade que Cláudia tem de agregar. Eu nunca imaginei que fosse conhecer as amigas dela da época de faculdade.

Quem são aquelas mulheres? Todas aparentemente de classe média alta, bem vestidas, perfumadas, algumas com marido ao lado. E todas no propósito de ver Cláudia e colaborar com ela, ou agregar-se a ela para curtir um pouco de sua arte. Todas dispostas, em pleno sábado à noite, a pensar sobre a vida na cidade grande.

Que maravilha o senhor Michel, esposo de alguma delas, ter podido falar sobre suas leituras do exercício cênico. Mesmo que ele tenha experiência com o fazer teatral, sua opinião me parecia pura.

Bom, nós que somos da dança contemporânea nos deparamos com um momento primitivo de organizar-se e viver. Reunimos-nos em um determinado espaço para conversarmos. A conversa tem uma direção, um foco, mas é uma conversa em torno da vida.

Relembrando as palavras do nosso amigo filósofo poeta piegas estamos proporcionando um não lugar para proporcionar um lugar mágico. Lugares mágicos têm a ver com uma era primitiva, tribal? E nós somos contemporâneos ou “jamais fomos modernos”?

Relembro também a cena que marcou minha vida: Em “Lei de Nada” da Cia 2 do Balé da Cidade, Cláudia Palma oferecia café e outras coisas ao público sem outra pretensão além daquela mesma: oferecer café.

Eu estava finalizando a escola de teatro e minhas cenas de conclusão de curso tomaram outro rumo por causa daquela experiência. Era tão diluída a relação artista espectador que eu precisei modificar as minhas proposições cênicas, como faço até hoje. Quem me vê na faculdade sabe, quem acompanha meu trabalho no vocacional também sabe.

Gosto de diluir a relação palco platéia. Estou influenciado e não nego! O que aconteceu hoje? Tem mais importância nós que dançamos ou eles que puderam se colocar, falar, opinar?

Arrasou!

Beijos
(Renato Vasconcellos, a respeito do 2º Work in Progress)
   

sábado, 28 de agosto de 2010

    
A casa, o habitat, é, também, pele e, como tal, representa a organização e a intensa realidade psíquica nos limites traçados entre o público e o privado, o trânsito e a pausa, a divisão e a aproximação, a solidão e o convívio.
Acontece que, na vida da casa, do corpo, da cidade, esses limites são sempre alterados, nem sempre da maneira mais conveniente para os seus habitantes - habitados, eles próprios, pelas memórias e marcas pelas quais seus espaços internos foram ocupados.
Essas ocupações, sempre novas, demoram a se ajeitarem, se assentarem, levam um tempo para terem um nome. São, por princípio, não-lugares.
É o movimento dessas ocupações e desocupações - sempre novas - do lar, do coração, do corpo, da cidade - o grande tema de interesse e objeto de pesquisa desse grupo.
Traduzir e revelar esse movimento na dança é uma forma de refletir sobre as possibilidades de interferir no espaço problemático da cidade como forma de decidir e atuar de acordo com uma nova política e uma nova poética do corpo.

Algumas questões:
· Como construir alguma base a um só tempo flexível e vigorosa, para dar sustentação e “origem” sem cercear?
· Como fazer da companhia, na cidade, um vínculo libertador?
· Coreografia: o braço que suspende o corpo é apenas um obstáculo para o braço que pretende avançar?
· Como abrigar a memória e estar presente?
· Como encontrar o novo, como permitir-se ser vulnerável na cidade?
· Não lugares percebidos por mim durante a apresentação: a progressão vertical, a boca, os desajustes, o caos.

(texto de Rodrigo Vilalba, produzido durante a passagem do ensaio de 27-08-2010)
          

terça-feira, 24 de agosto de 2010

...das imagens do edifício... ...e as perguntas...

    
Nos corredores: branco sujo, bege claro, penumbra não provocada - efeito de lugar sem luz. Do lado de dentro de cada porta: cores variadas, luz inteira, fachos de luz, luz de abajur, nada monocromáticas. A cidade do avesso das janelas só é adivinhada e descrita. As histórias me pinçam, os olhos e vozes que contam de si, verdadeiros e contraditórios, expostos às telas até sabe-se lá de que mundos, vindos de dentro de suas próprias casas.
Quem pode habitar cada espaço? Quem decide? Quem escolhe pelas limpezas, pelos critérios de limpeza, por haver critérios para limpeza, por haver limpeza?
O nojo pela sacola de falso dinheiro devolvido, mas guardada firmemente em lugar sabido, preenchido pelo pacotinho pardo de papéis amarelos sem valor, e o apego a ele tanto quanto à lembrança do medo.
De Lupicínio a Sinatra, as vozes que... Saudade I've lived a life that's full Não se esqueça também de dizer I traveled each and every highway Que é você quem me faz adormecer And more, much more than this Pra que eu viva em paz I did it my way... recuperam em mim os arrepios de ouvir música.
Mais de uma vez, menção a “se atirar pela janela”. Histórias concretizadas. Histórias interrompidas. Histórias desistidas, dependendo do ponto de vista.
Histórias que tornam-se naturais, ainda que o sorriso infantil só trabalhe embriagado.
Elevador. Quadrado transportador. Ouvido das paredes. Verticalidade em movimento contínuo, apinhamento das cidades. Para cima, cada vez mais canalizados, nós.
Olhos perdidos pronunciam um diagnóstico simples e óbvio, não sei se são pessoas demais ou calçadas muito estreitas, ou a fusão desagradável desses dois elementos - completada por outra voz, andar mais acima ou mais abaixo, não é a diversidade, é o número opressivo. E a imagem surrealista e nítida, reconhecível, conviver com a vida das outras pessoas entrando pelos vãos. Nem quero, mas espontaneamente vejo vidas como lavas, moldando-se à estreiteza das soleiras das portas, dos vazamentos das janelas, invadindo-se umas às outras, interferindo, participando. Quem sabe até convivendo, dissolvidas.
As estruturas iguais se repetem a cada andar, como cópias amontoadas, ou sobrepostas. A fôrma é a mesma; o tanto e o como se preenchem é que criam mundos absolutamente distintos. Moro em prédios desde que nasci e, vez ou outra, observava os espaços vizinhos com este pensamento. Eram tão outros lugares, ainda que as paredes se desenhassem iguais às minhas. Só as paredes. Quem cria o espaço, e o caracteriza, e o particulariza? Suas histórias o preenchem? Quanto tempo leva para dissolvê-las de seus locais de origem? Quantas histórias cada espaço habita?

(Cristina Ávila, a partir de Edifício Master, filme documentário de Eduardo Coutinho)
                         

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

  
Após dois meses de trabalho, a
iN SAiO Companhia de Arte
convida para o
II Work in Progress: projeto "O Olhar de Dentro"
direção: Claudia Palma

sábado, 28 de agosto, 21h
Local: Núcleo Artístico Pedro Costa
Rua Almirante Marques Leão, 353 - Bela Vista - tel.: 2366-4006

sábado, 31 de julho de 2010

1º WORK IN PROCESS - “O OLHAR DE DENTRO”

  
Foi na tentativa de uma organização temporária das cenas/procedimentos que o grupo desenvolveu nesta primeira etapa do projeto, que consegui esboçar um pequeno entendimento de questões que para mim, permeiam o nosso processo e que se correlacionam de certa forma, por uma conexão de similaridade conceitual.

O interessante é que não foi através de um “um olhar de fora” que consegui perceber essas relações, mas, através de um “olhar de dentro”, de quem enquanto intérprete participava ativamente no fazer, na vivência corporal de cada cena, e como quase um clichê, parece-me que desenvolvi um pensamento do próprio corpo.

Observei no fazer dançando, que a cada momento apresentavam-se para mim novas estruturas (as cenas) que aparentemente não tinham conexão entre si, pois elas se iniciavam e terminavam sem ter uma continuidade entre uma e outra, ou uma dramaturgia explícita que linearmente as ligavam. É como se cada cena tivesse uma existência própria no tempo/espaço, que independesse de um passado ou um futuro, elas não tinham um estado de ser, mas de estar – uma vez que, o ser é um estado permanente; e o estar é um estado passageiro. Porém, para mim, elas apresentaram uma característica em comum, justamente pelo tipo de organização escolhida em que elas se encontravam: eram estruturas que não se concluíam, ou seja, eram cenas que tentavam sempre criar padrões que não se sustentavam, níveis de organização que não se legitimavam plenamente. Creio que a estrutura de jogo proporciona isto, mas, que quase como jogo de criança, as situações não têm um tempo pré-determinado, mas estão abertas ao tempo necessário e se esgotam sem necessariamente por terem alcançado uma finalidade específica, mas se esvaziam em si mesmas e logo já surge algo novo que não precisa ter a ver com o que se fazia anteriormente, acho que pode ser a sensação de frescor, jovialidade para um vazio que num primeiro momento seria tão denso. Seria interessante então pensarmos o CAOS não como uma cena em si, mas como uma estrutura maior que abriga outras pequenas estruturas que não são regidas por uma regra em comum ou uma organização quase que universal, mas o que as relaciona é tentativa de criar padrões separadamente e que em conjunto não se correlacionam e ao mesmo tempo buscam encontrar uma organização para o TODO, o que não quer dizer que encontrarão. Seria esta uma relação quase que comparativa com as estruturas arquitetônicas que observamos que desmoronam e tentam criar novos padrões de existência no espaço urbano? Novas formas de significação diferentes daquelas de ocupação, utilidade, finalidade? Ocupam um espaço agora de memória, abandono? O que seria uma dança que se faz num espaço de estruturas temporais e espaciais que desmoronam o tempo todo, que tenta criar novos padrões de significação que não se concluem?

(Juliana Ferreira, a respeito do 1º Work in Progress)
                           

quinta-feira, 29 de julho de 2010

iN SAiO Companhia de Arte
convida para o
I Work in Progress: projeto "O Olhar de Dentro"
direção: Claudia Palma

sexta-feira, 30 de julho, 17h
Local: Núcleo Artístico Pedro Costa
Rua Almirante Marques Leão, 353 - Bela Vista - tel.: 2366-4006

informações:
www.insaiociaarte.blogspot.com
insaio_ciadearte@hotmail.com

sexta-feira, 23 de julho de 2010

  
Quietude. A primeira impressão é a cidade de brinquedo. Mentira de verdade. Mais cinema.
Vertigem. Vertigem. Vertigem.
História transbordando de dentro do personagem real, filho, neto, pai, homem, os olhos azuis, a fala contínua, segura, emocionada, ele inteiro incorporado às ruas, às paredes, pisos, tijolos, incorporada às gentes. Ele firme. Condutor.
No espaço singular, um baque de céu recortado entre estruturas. Pedaços de parede pingando de cima, escorrendo dos tetos já desabados. Ancorados no quase nada, prestes a cair.
Invasão invertida, verde no cimento. Chão de marrom molhado. Musgo e troncos se impõem sobre as vozes antigas que habitaram ali há quase cem anos, onde deixar perder é ganhar, ou onde deixar perder é perder-se. Do lado de lá, as janelas suspensas cospem o excesso que vem plantado da terra e do cimento.
Dos pés das escadas para cima, corredores que não existem mais. Hoje desembocam em abismos provocantes. Vertigem. Olho para cima e o azul é tão limpo que amplia o infinito. Fecho os olhos. A vertigem acalma. Abro os olhos. O corpo todo, mesmo seguro, é inteiro vertigem.
Nesse corpo são balanços. Corpo pendurado. Fisgadas de medo. Pisar chão incerto, estreito. Equilíbrio para a queda pavorosa e tentadora. Ouvir o passado no chão. Meu corpo pedaço da pedra.
 
 
     
(Cristina Ávila / experiência da Cia. na Vila Maria Zélia/SP)

                                   

sexta-feira, 9 de julho de 2010

   
Algum vento, quase nada. Tropeços num corredor falsamente estreito, de próximas paredes imaginárias, enquanto a luz que vem de cima é de espaço infinito. Corredor revelado mais tarde tão diferente que não era o mesmo lugar. Rangido musicando forte, roubando outro qualquer. Rangido de novo, intermitente. Numa projeção imaginária, cinematográfica, em torno dele são estruturas abandonadas, sem preenchimento, vazadas de gente, vazadas de paredes, vazadas de matéria viva. O rangido denuncia as presenças. Sem ninguém, talvez deixe de existir. Pausa. Aos poucos quem está próximo começa a se diluir. Desaparece, mas fica a respiração. Estou sozinha ao lado da respiração de alguém. Rangido de novo. Queria mais vento e menos muros. Abrem-se os olhos. Uma imensidão quase sem cor, espaço preenchido por tanto desconhecido. Quais universos existem em cada janela? E são milhares, milhões, ou mais. Quadrados disformes, retalhos, rachaduras. Histórias escondidas nas esquinas invisíveis, nas multidões subterrâneas. Carros se movem em uníssono, mais lentos se vistos de cima. A visão do todo modifica a da proximidade. A cidade não termina nunca. Ao mesmo tempo, vista assim, quase cabe nos olhos. Quase cabe num quadro. Constrói-se em degraus. Sua dimensão é que não cabe no entendimento. Não tem ordem nem sentido, vem profusa e condensada. Parece conter uma beleza ressecada.

"A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo. Febre de meus adentros: as cidades e as gentes, soltas da memória, navegam para mim: terra onde nasci, filhos que fiz, homens e mulheres que me aumentaram a alma." (Eduardo Galeano)
  
(Cristina Ávila / visita da Cia. ao Condomínio Edifício Viadutos/SP)
                

quarta-feira, 7 de julho de 2010