sexta-feira, 5 de novembro de 2010

DIÁLOGOS...

Impressões (mais do que sensíveis...) de Adriana Ferreira, artista-vocacionada (participante do Projeto Dança Vocacional) a partir do work in progress realizado na Galeria Olido:

Olá Cris, tudo bem?
Desculpe a demora, é que estive fora do ar nesse feriado... rsrs
Bem, pra começar, quero dizer que tô louca pra ver o espetáculo pronto. Tá muito louco!! =P
Foi muito bacana ver o último work in progress, tem bastante coisa diferente...
Quanto as que permaneceram, eu "vi" muita coisa que eu não tinha visto antes... tipo sentidos. Por exemplo a cena do Renato. (aeee acertei! rsrsrs) Sei lá eu senti uma certa angústia, ou um desespero, de quem tá sempre querendo consertar os erros. Tipo, consertar o passado, errar, consertar de novo e assim por diante.
A cena do Fernando é total psicológica pra mim. Ele tá parado de pé, daí começa todo aquele contorcionismo e volta ao lugar do início. É como se o tempo todo ele tivesse permanecido ali parado, e aquele desenrolar todo é apenas um flash da mente dele, do estado emocional. O caos interior. Na minha opinião ele é meio perturbado na cena. hahahaha
A cena da loirinha (pronto, comecei!) é um pouco parecida, mas é algo físico. Pssando por várias posições, tentando achar alguma estável, mas se enrolando cada vez mais e isso acaba trazendo frustrações. Talvez sejam os nossos projetos e tentativas que sempre falham.
Aquela parte em que você sobe no (Dourado?), enfim! rsrsrs Você me passa uma pessoa completamente instável, desestabilizada e que ainda por cima depende e procura no outro uma segurança, sem conseguir por muito tempo... profundo! rsrsrs
No final eu viajei! Aff...
Aquele paredão formado pelo grupo e continuado pelas pedras... cara, é como se fosse uma transição, tipo, como se as pedras fossem uma representação do ser humano, ou vice-versa sendo o ser humano a própria pedra, frio, vazio, duro... Uau!
Aliás eu senti um pouco de frieza no clima. Por exemplo quase no final, quando todos dançam. Cada um tá ali no seu mundinho e quando alguém se encontra com outro, ambos se repelem. É uma estranheza, ou uma intolerância... Sei lá! É tipo "não se mete na minha vida" ou "cuida do seu, que eu cuido do meu". kkkkkkkkk É engraçado, por que nas cenas vemos aquela dependência do outro, mas sem permitir a entrada do outro na vida, mantendo distância. É muita viagem! rsrsrs
Eu achei super interessante a troca dos objetos pelas pedras, poque ficou mais abstrato. E passou uma noção de temporariedade dos sentimentos (se é que isso existe... kkk). Por exemplo, nos distraímos com tal coisa durante um tempo, enquanto aquela coisa nos oferece algum prazer. Mas tem um momento em que nos cansamos dela e procuramos outra melhor. E vivemos numa procura incansável e insaciável por acabar com o tédio, deixando pra trás certas coisas, conquistando outras, e chega um momento em que não tem mais espaço na vida ou na mente... Vai ficando tudo saturado, sem efeito.
Agora, mudando um pouco de assunto, você deve sofrer balançando a cabeça daquele jeito na cena da Taís, né? hahahahaha (fala que eu acertei o nome dela...! =P)
Bem Cris, aí estão minhas viagens. Acho que filosofei demais, a mente á dando tilt! hahahaha
Espero que tenha colaborado.
Beijos

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...e a resposta enviada a ela pelo Renato Vasconcellos, da iN SAiO:

Adriana suas contribuições são muito boas. Incrível!
Algo que está tão nossa cara e que não vemos ou entendemos com tanta lucidez.
Estou falando da cena dos embates que fez você refletir sobre a dependência e a intolerância.
Na mesma medida que dependemos do outro não toleramos sua aproximação. É sempre cada um na sua e sempre um precisando do outro.
Marilena Chauí no "Convite a filosofia" diz que o artista revela o despercebido que estava presente.
Nesse sentido, darling, você é muito artista.
beijos
Renato

  

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