segunda-feira, 30 de agosto de 2010

2º Work in Progress - "O Olhar de Dentro"...  


...no "Espaço Aberto" do Núcleo Artístico Pedro Costa, 28-08-10.
             

domingo, 29 de agosto de 2010

Encontro com amigos

  
Achei o Work in Progress de hoje extremamente interessante por um motivo: a capacidade que Claudia Palma tem de agregar pessoas. Essa talvez seja sua maior poética.

Poética aqui assume o lugar de constituinte do fazer artístico. E o que constitui o fazer artístico de Cláudia é agregar. Afinal, foi o que ela fez conosco. Mais do que nos abrigar, ela nos agregou. E vale o velho clichê: “todos tão diferentes, com histórias e formas de pensar arte diferentes enfim...”.

Hoje tivemos com ajuda do Pedro, que não é São Pedro, mais uma prova da capacidade que Cláudia tem de agregar. Eu nunca imaginei que fosse conhecer as amigas dela da época de faculdade.

Quem são aquelas mulheres? Todas aparentemente de classe média alta, bem vestidas, perfumadas, algumas com marido ao lado. E todas no propósito de ver Cláudia e colaborar com ela, ou agregar-se a ela para curtir um pouco de sua arte. Todas dispostas, em pleno sábado à noite, a pensar sobre a vida na cidade grande.

Que maravilha o senhor Michel, esposo de alguma delas, ter podido falar sobre suas leituras do exercício cênico. Mesmo que ele tenha experiência com o fazer teatral, sua opinião me parecia pura.

Bom, nós que somos da dança contemporânea nos deparamos com um momento primitivo de organizar-se e viver. Reunimos-nos em um determinado espaço para conversarmos. A conversa tem uma direção, um foco, mas é uma conversa em torno da vida.

Relembrando as palavras do nosso amigo filósofo poeta piegas estamos proporcionando um não lugar para proporcionar um lugar mágico. Lugares mágicos têm a ver com uma era primitiva, tribal? E nós somos contemporâneos ou “jamais fomos modernos”?

Relembro também a cena que marcou minha vida: Em “Lei de Nada” da Cia 2 do Balé da Cidade, Cláudia Palma oferecia café e outras coisas ao público sem outra pretensão além daquela mesma: oferecer café.

Eu estava finalizando a escola de teatro e minhas cenas de conclusão de curso tomaram outro rumo por causa daquela experiência. Era tão diluída a relação artista espectador que eu precisei modificar as minhas proposições cênicas, como faço até hoje. Quem me vê na faculdade sabe, quem acompanha meu trabalho no vocacional também sabe.

Gosto de diluir a relação palco platéia. Estou influenciado e não nego! O que aconteceu hoje? Tem mais importância nós que dançamos ou eles que puderam se colocar, falar, opinar?

Arrasou!

Beijos
(Renato Vasconcellos, a respeito do 2º Work in Progress)
   

sábado, 28 de agosto de 2010

    
A casa, o habitat, é, também, pele e, como tal, representa a organização e a intensa realidade psíquica nos limites traçados entre o público e o privado, o trânsito e a pausa, a divisão e a aproximação, a solidão e o convívio.
Acontece que, na vida da casa, do corpo, da cidade, esses limites são sempre alterados, nem sempre da maneira mais conveniente para os seus habitantes - habitados, eles próprios, pelas memórias e marcas pelas quais seus espaços internos foram ocupados.
Essas ocupações, sempre novas, demoram a se ajeitarem, se assentarem, levam um tempo para terem um nome. São, por princípio, não-lugares.
É o movimento dessas ocupações e desocupações - sempre novas - do lar, do coração, do corpo, da cidade - o grande tema de interesse e objeto de pesquisa desse grupo.
Traduzir e revelar esse movimento na dança é uma forma de refletir sobre as possibilidades de interferir no espaço problemático da cidade como forma de decidir e atuar de acordo com uma nova política e uma nova poética do corpo.

Algumas questões:
· Como construir alguma base a um só tempo flexível e vigorosa, para dar sustentação e “origem” sem cercear?
· Como fazer da companhia, na cidade, um vínculo libertador?
· Coreografia: o braço que suspende o corpo é apenas um obstáculo para o braço que pretende avançar?
· Como abrigar a memória e estar presente?
· Como encontrar o novo, como permitir-se ser vulnerável na cidade?
· Não lugares percebidos por mim durante a apresentação: a progressão vertical, a boca, os desajustes, o caos.

(texto de Rodrigo Vilalba, produzido durante a passagem do ensaio de 27-08-2010)
          

terça-feira, 24 de agosto de 2010

...das imagens do edifício... ...e as perguntas...

    
Nos corredores: branco sujo, bege claro, penumbra não provocada - efeito de lugar sem luz. Do lado de dentro de cada porta: cores variadas, luz inteira, fachos de luz, luz de abajur, nada monocromáticas. A cidade do avesso das janelas só é adivinhada e descrita. As histórias me pinçam, os olhos e vozes que contam de si, verdadeiros e contraditórios, expostos às telas até sabe-se lá de que mundos, vindos de dentro de suas próprias casas.
Quem pode habitar cada espaço? Quem decide? Quem escolhe pelas limpezas, pelos critérios de limpeza, por haver critérios para limpeza, por haver limpeza?
O nojo pela sacola de falso dinheiro devolvido, mas guardada firmemente em lugar sabido, preenchido pelo pacotinho pardo de papéis amarelos sem valor, e o apego a ele tanto quanto à lembrança do medo.
De Lupicínio a Sinatra, as vozes que... Saudade I've lived a life that's full Não se esqueça também de dizer I traveled each and every highway Que é você quem me faz adormecer And more, much more than this Pra que eu viva em paz I did it my way... recuperam em mim os arrepios de ouvir música.
Mais de uma vez, menção a “se atirar pela janela”. Histórias concretizadas. Histórias interrompidas. Histórias desistidas, dependendo do ponto de vista.
Histórias que tornam-se naturais, ainda que o sorriso infantil só trabalhe embriagado.
Elevador. Quadrado transportador. Ouvido das paredes. Verticalidade em movimento contínuo, apinhamento das cidades. Para cima, cada vez mais canalizados, nós.
Olhos perdidos pronunciam um diagnóstico simples e óbvio, não sei se são pessoas demais ou calçadas muito estreitas, ou a fusão desagradável desses dois elementos - completada por outra voz, andar mais acima ou mais abaixo, não é a diversidade, é o número opressivo. E a imagem surrealista e nítida, reconhecível, conviver com a vida das outras pessoas entrando pelos vãos. Nem quero, mas espontaneamente vejo vidas como lavas, moldando-se à estreiteza das soleiras das portas, dos vazamentos das janelas, invadindo-se umas às outras, interferindo, participando. Quem sabe até convivendo, dissolvidas.
As estruturas iguais se repetem a cada andar, como cópias amontoadas, ou sobrepostas. A fôrma é a mesma; o tanto e o como se preenchem é que criam mundos absolutamente distintos. Moro em prédios desde que nasci e, vez ou outra, observava os espaços vizinhos com este pensamento. Eram tão outros lugares, ainda que as paredes se desenhassem iguais às minhas. Só as paredes. Quem cria o espaço, e o caracteriza, e o particulariza? Suas histórias o preenchem? Quanto tempo leva para dissolvê-las de seus locais de origem? Quantas histórias cada espaço habita?

(Cristina Ávila, a partir de Edifício Master, filme documentário de Eduardo Coutinho)
                         

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

  
Após dois meses de trabalho, a
iN SAiO Companhia de Arte
convida para o
II Work in Progress: projeto "O Olhar de Dentro"
direção: Claudia Palma

sábado, 28 de agosto, 21h
Local: Núcleo Artístico Pedro Costa
Rua Almirante Marques Leão, 353 - Bela Vista - tel.: 2366-4006